O PARTO | Por: Deza Leon

 

Os primeiros sinais

Em 25/09/2016 por volta de 22h, grávida de 38 semanas e 6 dias (de acordo com as ecografias e meus cálculos) senti uma movimentação estranha no útero, Guilherme bem inquieto e algumas contrações bem espaçadas. Estava esperando entrar em trabalho de parto e as contrações ritmarem, pois queria que o meu parto fosse vaginal. Tinha milhões de pendências das minhas empresas para resolver e trabalhei até as 5h30 do dia 26/09/2016.

Por volta de 12h acordei e sentei na cama. A bolsa estourou, que alegria! Acendi a luz e vi a cor da água: AMARELA isso significava que o Guilherme tinha feito o primeiro cocô, o mecônio, no líquido amniotico, isso acontece quando o bebê está em sofrimento. Liguei pro marido que estava atendendo um cliente em outra cidade e fui tomar um banho, pois estava toda suja do cocozinho dele. No banho a pressão caiu muito e me arrastei até o sofá. Quando voltei a mim, comi 5 biscoitos e tomei 2 litros de água.

Marido chegou lá pelas 13h e partiu hospital. Guilherme não se mexia desde que eu tinha acordado. Em torno de 13h40 chegamos no Hospital Conceição, passei na frente de todo mundo e fui examinada. 14h15 ouvi os batimentos cardíacos do Guilherme e nunca mais esqueço o suspiro mais aliviado que eu já dei na minha vida: MEU FILHO AMADO ESTÁ VIVO!!!

Durante toda a gestação eu fui muito prepotente e arrogante quanto ao meu parto. Eu não cogitava a hipótese de cesariana. Eu não me informei sobre cesariana. Eu não li nada sobre cesariana. Eu sabia todos os detalhes do parto vaginal natural. Ele ia sair por onde entrou e fim. E daí eu comi aquelas 5 bolachas, lembra? Pois é, não pode comer 6 horas antes da cesárea e por isso queriam segurar minha cesárea até as 20h30. Fiquei em monitoramento dos batimentos do Guigui e monitoramento da cor da água. De amarela ela foi ficando verde, que significa água espessa, difícil do Gui ficar lá dentro. Batimentos do Gui caíram. Hora do parto.

A hora do parto

17h47 do dia 26/09/2016 nasceu o amor da minha vida. Ele não chorou. Ele estava engasgado do líquido verde espesso. Eu tomo tilenol e fico bem fora da casinha. Imagina a anestesia! Não tinha entendido nada do que estava acontecendo… não colocaram o Gui no meu peito (me sinto roubada, sinto esse momento roubado da gente, eu nunca vou conseguir lembrar desse momento sem me sentir quebrada em mil pedaços!)

Sim, eu sou extremamente grata a toda equipe médica do Hospital Nossa Senhora da Conceição, por toda a agilidade e carinho no atendimento com meu filho e comigo. Meu filho está vivo, saudável, esperto e crescendo. Foram muito carinhosos em colocar minha maca ao lado da maca dele, pude tocar na barriguinha mas ele estava na cânula de oxigênio gemendo baixinho, sozinho, sem forcinha para chorar, doido pelo colinho da mamãe e eu fui levada pra sala de recuperação, longe do meu filho, aos prantos como eu to agora. O meu marido ficou o tempo todo com o Gui, de olho em todos os procedimentos. Ah!!! Ele foi medido e pesado na minha frente: 50cm e 3250 kg.

Mas eu não peguei meu filho no colo, entende? A gente nunca engravida e pensa “ta daí se ele for pra UTI neonatal, eu vou…” a gente quer trocar a primeira fralda, dar o primeiro banho, dar o primeiro colo, carinho, beijo, sentir o cheiro, dar o mamazinho, encher de cuidado e amor. De amor de mãe. E eu perdi tudo isso.

Junto com toda essa perda, um bombardeio de procedimentos e informações. Guilherme aspirou o mecônio, se alojou no pulmão, causou pneumonia química, não estava respirando sozinho e a cânula não estava sendo suficiente para suprir a necessidade de oxigênio do corpo dele. A saturação estava muito baixa. Foi sedado e entubado nas primeiras 6 horas de vida. Acesso no braço, no umbigo (meu maior medo na gravidez era cuidar do umbigo e ele sentir dor, que ironia!), tubo na boca, sedado para amenizar a dor, antibiótico na veia e deveria ficar 3 dias em jejum. Enquanto isso eu pedia todos os remédios para dor que tinham no hospital para ver se eu apagava e a noite passava mais rápido.

Eu sou a Deza Leon e depois dessa experiência na UTI eu passei de brigona porra louca a MAMÃE LEOA. Tenho 33 anos, sou casada com o Lucas há 9 anos e o Gui é o nosso primeiro filhotinho, em 2 anos queremos ter outro bebê. Com a chegada do Gui, muitas coisas saíram do lugar e muitas coisas foram para seus devidos lugares. Desisti de negócios que não eram lucrativos e consumiam meu tempo, me foquei em negócios mais simples que me exigem menos, e hoje posso trabalhar de casa e curtir cada minuto do meu filho amado. Precisava escrever sobre tudo o que passamos para desabafar o que está trancado na garganta!

Se tu leu até aqui, obrigada. Foram 42 semanas de gestação (sim 42), 15 dias + 3 dias na UTI neonatal do Hospital Conceição. Certamente teremos muitas histórias contadas na madrugada, horário de folga da mamãe.

<3 Deza

Por Deza Leon | Pedagoga e Blogueira

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